I
Não havia cheiros como os da casa da minha avó.
Ah, se eu pudesse descreve-los,
reproduzi-los com palavras perfumadas!
Subia as escadas
com aromas carregados de maresias recentes,
misturados com o perfume do irrepreensível encerado,
e sabia, pela corrente de ar vinda da cozinha,
que uma grande fatia de pão caseiro,
com queijo de cabra, me estaria reservada para a merenda.
Cada recanto tinha o seu próprio odor,
por isso reconhecia de olhos fechados
a geografia de toda a casa
e do meloso aroma das mãos que me afagavam o rosto,
dos lábios que me beijavam,
do regaço que me acolhia como ninguém.
3 comentários:
Nem me fale dos cheiros da infância... Estão todos bem guardados, num recanto qualqer da memória - ou do coração...? Que belo texto, João. Abraços!
Memórias dos cheiros é de tão intenso enlevo, que chega a transportá-los e nos fazer sentir a melancolia destas lembranças.
Muito lindo texto, poeta!
Um abraço,
Celêdian
Memórias olfativas...
Como é bom relembrar o perfume da infância... Tenho muitas também...
O teu escrito está lindo João!
Parabéns por este novo espaço, está muito bom! Sucesso!
Beijo, Rosana
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