sábado, 2 de abril de 2011

26 - ARVORE DE NATAL


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Na época, quase publicamos do João este poema .  Foi por um triz. Mas nunca é demasiado tarde para retomar o que provisóriamente se deixou por fazer. Aqui está.


A ventania de ontem à noite
tombou uma azinheira centenária, em frente da minha casa.
O fôlego da tempestade,
em contraste com o seu já débil alento,
foi superior às suas forças. Respirava ainda quando a vi:
arrastando a ramagem
e os escassos frutos no chão molhado,
suplicava o impossível conserto da sua coluna vertebral.
Não chorava – tanto quanto eu pudesse perceber – suplicava
a mão, o gesto ou apenas o olhar
a quem sempre a julgou eterna e eterna haveria ser
depois de nós e ainda dos que viessem.
Com um dos ramos tocou-me ao de leve.
Pareceu-me uma carícia, um aceno
ou o desejo de lançar nova raiz,
agora que a morte tornava inevitável a remoção.
Aceitei o ramo como presente.
A velha azinheira ofereceu-me a sua eternidade.


João Sousa Teixeira

Ir para http://poetastrabajando.com/


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Um comentário:

Celêdian Assis disse...

Caro Poeta João,

Extrema beleza há neste gesto abnegado de amor à natureza, do apego, ao que nos faz companhia, mesmo que inanimadamente.

A velha azinheira se eternizará também nestes belos versos.

um abraço,
Celêdian