segunda-feira, 28 de março de 2011

23 - MÁS DO QUE EN PIEDRA



Más que en piedra,
más que  en la dureza fría y resistente al desacato de los días,
quería saberlas  escritas en  el Tiempo, a mis palabras.

Albergo la esperanza pretenciosa de que algunas puedan existir,
que alguien las torne suyas y las guarde profundamente,
añadiéndoles una sobrevida propia,
ya independientes de mí, su creador.

Y que así se queden  eternizadas por un poco más,
tal vez apenas el tiempo de un sueño que provoquen.

Y que,  todas las veces, ellas me recreen, si fueran leídas,
y me evoquen, si fueran leídas una segunda vez.

Y sostengan como memoria, si son guardadas:
un pedazo de mí liberado e  intemporal,
mirándome directamente a los ojos
sin jamás decir adiós ...

Henrique Mendes

terça-feira, 22 de março de 2011

22 - ATRASADAMENTE....

PELO DIA DA POESIA, RECEBEMOS O PEDIDO DE PUBLICAÇÃO ABAIXO:

Hoy, 21 de Marzo, se celebra el Día Mundial de la Poesía. Queremos hacer llegar nuestro saludo a todos ustedes en este día tan especial
¡Salud Poetas!
Russo Dylan-Galeas
Administración

Leonor Aguilar
Sub Administración



No digáis que agotado su tesoro,
de asuntos falta, enmudeció la lira:
podrá no haber poetas;
pero siempre habrá poesía.

Mientras las ondas de la luz al beso
palpiten encendidas;
mientras el sol las desgarradas nubes
de fuego y oro vista;
mientras el aire en su regazo lleve
perfumes y armonías;
mientras haya en el mundo primavera,
¡habrá poesía!

Mientras la humana ciencia no descubra
las fuentes de la vida,
y en el mar o en el cielo haya un abismo
que al cálculo resista;
mientras la humanidad, siempre avanzando,
no sepa a do camina;
mientras haya un misterio para el hombre,
¡habrá poesía!

Mientras se sienta que se ríe el alma,
sin que los labios rían;
mientras se llore, sin que el llanto acuda
a nublar la pupila;
mientras el corazón y la cabeza
batallando prosigan;
mientras haya esperanzas y recuerdos,
¡habrá poesía!

Mientras haya unos ojos que reflejen
los ojos que los miran;
mientras responda el labio suspirando
al labio que suspira;
mientras sentirse puedan en un beso
dos almas confundidas;
mientras exista una mujer hermosa,
¡habrá poesía!


Gustavo Adolfo Bécquer

Gracias Russo, Gracias Leonor. Aqui se queda publicado, con mucho gusto. Un grande abrazo a los dos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

21 - SEMEADOR DO DESERTO (AGRADECIMENTO)

Agradecemos ao poeta brasileiro, o pernambucano Felipe Padilha (O poeta do deserto) por ter aceito nosso convite e por sua brilhante participação, através da apresentação de seus textos, os quais nos foram gentilmente cedidos. Tivemos imenso prazer em apresentá-lo e desfrutar de suas letras, de seu estilo tão peculiar de dizer poeticamente sobre os sentimentos do homem e da sua sensível percepção do mundo a sua volta. Deixamos-lhe o nosso abraço. Obrigada Felipe!


SEMEADOR DO DESERTO

Decerto é árido o deserto, só água de pedra, sede, areia, ardência,
E os cactus guardam dentro de si, a água líquida da sobrevivência.
Arenosa poeira, em tempestade, embaça além dos olhos da visão,
Faz projetar imagens, abstrações da mente, miragem, mera ilusão.

Decerto é hostil o moderno mundo, gente pobre, poder, demência,
E o homem guarda dentro de si, a senha, que ignora a sua essência.
Alma pura, em conflito, perde-se além dos sentidos da imaginação,
Faz projetos concretos, abstem-se da sensatez, fantasia, mera ilusão.

Decerto o homem é bom, tem alma, coração, amor, fé e clemência,
E ambições guardadas dentro de si, armas perigosas da inteligência.
Vaidade, em intensidade, se esquece da simplicidade da sua emoção.
Faz seus castelos na areia, subtraído da razão, ilação, a mera ilusão.

Decerto o homem tem tempo de resgatar a humildade e a inocência,
E os sentimentos guardados, fraternos, puros, livres de maledicência.
Esperança, em evidência, que se lembre de ser solidário com o irmão.
Faça do deserto inóspito, o silo, para a semeadura da nossa salvação.


***Este poema é dedicado com muito carinho ao meu amigo querido, Felipe (o poeta do deserto), pela extrema admiração que tenho pela sua obra. O poeta, que deveria ter o cognome de “poeta do amor”, tem uma grande preocupação com as questões sociais, que levam o homem a desvirtuar-se da sua espiritualidade e perder-se no concreto, na materialidade das suas ambições.
Celêdian Assis

quarta-feira, 9 de março de 2011

20 - POÉTICA NEGREIRA (O POETA DO DESERTO)

Imagem Google - Negreiro-Rugendas

Navios negreiros fétida lembrança, devido à melatonina a herança de um povo maltratado, mas, tenaz, cubículo impregnado no âmago de minha mente, inenarrável dor me traz;

Gritos suados, farrapilhos de gente amontoados, rumo a um destino traçado pelo capataz, mar ingênuo afogando nossos sonos, sonhos,
emergindo vil metais, o único ensejo daqueles homens, que com a dor de outros sem direito nem a nomes, acumularam capitais;

Do mar de dor ao maior martírio, maltratados em meio ao cultivo, dos tubérculos,
dos legumes aflitos, das verduras, dos grãos sem paz, o chicote era o incentivo, costas em chagas o comum aviso, ao desavisado mais audaz;

Quando a noite silenciava os gritos, dança de roda, feijão cozido, com tripas ensebadas,
saudade não me traz, engaiolados sem aviso, sem eira nem beira só com um desígnio, a liberdade de outrora não mais;

Vi parentes sem forças sumindo, amigos se despedindo, em meio ao sangue tão igual aos demais, não entendia o porquê do domínio, esse era meu maior desatino, Deus escutou os pedidos, misturados aos constantes gemidos,
por saber que éramos iguais;

Tronco do ardor no pátio erguido, chibata sem pena apurada com sais,
negros fujões enterrados vivos, castrados, as palmatórias sem alívio, azeite quente tortura voraz, gloriosa lei nos devolvendo um sorriso, que há muito estava preterido, ao ranger mesclado aos ais;

Sou um resquício de um passado escondido, nas vielas do que não me apraz,

porém, hoje exclamo incontido, um por anos silenciado grito, nossa cor não nos diferencia dos demais, perdôo o que fizeram comigo, e com os outros que ficaram para trás, racismo pior inimigo, transmutados em um capataz.


O POETA DO DESERTO

Indicamos o áudio do texto acima através do link: http://www.opoetadodeserto.recantodasletras.com.br/audio.php?cod=36704



terça-feira, 1 de março de 2011

19 - APRESENTAÇÃO DO POETA DO DESERTO

         
            
               Apresentamo-lhes nosso convidado do mês, o poeta brasileiro do Estado de Pernambuco, Felipe Padilha di Freita, “O poeta do deserto”. Felipe tem estilo singular de fazer poesia, usando a palavra com total liberdade e sem nenhum compromisso com as convenções, cria neologismos com facilidade, o que traz intensidade e encanto aos seus textos, que variam desde as inquietações da sua própria alma, até o seu olhar atento para as mazelas sociais, sempre com o brilho da sua aura, o fervor da sua mente, o encanto do seu poetar sobre suas singelas divagações.
          Eis que do deserto, o palco que ele elege para mostrar as dificuldades de levar a palavra ao coração do homem, de cada grão pisado na areia quente, das bolhas nos pés de seu caminhar, nasce assim como a um cactus, de um verde singularmente extasiante, contrastando ao beje da paisagem árida. Não é dos espinhos do cactus que lhe vejo em semelhança, é na capacidade de armazenar a água que o sustenta, assim como a sua alma que guarda silente, a substância que alimenta a sua brilhante mente. De sua mente vertem fluidos de sons e tons, numa energia vibrante, sobretudo, contagiantemente harmônica.
Celêdian Assis


A seguir, textos de Felipe Padilha di Freita (O poeta do deserto)


DISFARÇADAMENTE POETA

Sou escritor teimoso, que embromo com meu pensar, misturo palavras incertas, se encanto não sei falar, sou deveras um persistente, meu verbo é tão só tentar, não sei se agrado a todos, a simplicidade comigo está;

Um dia pensei comigo, uma forma de externar, as idéias dos calabouços, na mente não vão ficar, unindo letras é que encontro a forma de esboçar, a arte que mui pouco entendo, quero apenas me libertar;

Liberto-me dos devaneios, para indagações arrumo lugar, amores que tive ou não tive, a importância de se questionar, sarcasmo é companheiro, as dores que fazem chorar, as belas estrofes alegres ajudam-me a não parar;

Escrevo para mim mesmo, prazer é finalizar, meu clímax monossilábico, indescritível sentir me dá, palavras entrelaçadas aguçam um poetar, por isso me atrevo escrevendo tão só a imaginar, que sou mesmo algum poeta, transcendente idealizar;

Pessoa tinha talento, e sabia exemplificar, a dor que deveras se sente, o poeta quer camuflar, não sabe inocente este, que dele mesmo não se vai fugir, as entranhas e os avessos entregam qualquer sangrar;

E em meio à teimosia continuo o meu caminhar, sou amante dos atrevidos,
latejante é meu indagar, poesia é o acalento, o que estimula o meu sonhar,
de algum dia ser um poeta e com as palavras poder brincar, pois,
brincando de assim o ser, poderia assim disfarçar, e enfim,
disfarçadamente, ser poeta e ninguém notar.


O POETAR DE UM MENDIGO

Duro chão que sustenta minhas cansadas pernas 
e o meu repousar em um papelão;
Suave chuva que limpa minhas chagas, mas, que congela o meu corpo cão;
Frio e azedo rodízio com excremento, degluto com ânsia com a palma da mão;
Olhares penosos que me acompanham, moedas minguadas em meu calção;
Se tive sonhos já não recordo, hoje só lembro da solidão;
Pedir esmolas é o que tento, é o que me resta de opção;
Estou muito velho e não suporto, o pesado fardo que dito em vão;
Continuarei sendo ignorado, um poeta fétido na aflição,
farrapo humano despedaçado, triturada e seca desilusão,
nem o sol aquece o meu dia a dia, nem meu poetar é a solução,
aguardo o fim desses meus dias, morrerei de fome ou me matarão.

O MENINO QUE QUERIA SER POETA

Menino humilde, franzino, em meios aos seus desatinos,
desestimulado pelo seu árduo destino,
aprendeu a escrever com apenas um desígnio,
em meio à sofridão do divagar sem riso,
mãos com fome a tremular rabiscos,
 barriga oca com um esperançar aflito,
religando letras de um futuro escondido,
sem sonhos, com dramas travestidos em pueril criança.
Árido chão a mais real lembrança,
caçamba vazia remetendo à bruta andança,
 chão corroído e sem boa aventurança,
desabrochar em um suspiro sem herança,
sem bonança, pratos cansados em aguardar substância,
sol que queima inspirando as letras que dançam,
 em papéis catados na vizinhança,
outros doados pelos que acreditavam nos delírios de uma criança,
 que tinha um sonho a mais tênue confiança,
de viver desse dom, quase impossível relutância,
se entorpecia em um soletrar que alcançava a mais sublime
 e a mais transcendente adivinhação.
Termino esta poesia na espera da mais que divina comprovação,
a guardarei em um cantinho mais que secreto e também em meu coração,
desculpe a pouca métrica, a falta de paragrafação, o pobre acentuar,
e o descompassar nas pressas de minha emoção,
só a mostrarei se minha meta, um menino franzino que queria ser poeta,
se consolidar neste meu mundo cão,
onde o que me nutre são as rimas
e o poetar é minha única e farta alimentação.

Dedico esta poesia a todos que acreditam incessantemente na arte que brotam dos seus corações e que a fazem o refúgio mais que certo da real libertação. Aqueles que não desistem dos seus dons, de suas vocações e definitivamente dos seus sonhos!
(O POETA DO DESERTO)