quarta-feira, 13 de julho de 2011

32 - MONÓLOGOS NO TUNEL - de Henrique Mendes




Talvez tenha construído demasiado longo
esse túnel feito de palavras.
Esmeradas, escolhidas, polidas como jóias.
Únicas todas elas, raras e tão especiais,
mas um túnel demasiado longo,
sem claridade na saída. Nada.
Nada, a não ser o brilho escuro, familiar,
de mais palavras florindo em momentos,
feições novas de velhos significados revistos,
velhas roupagens puídas cerzidas mais uma vez.


Apenas mais palavras.
Uma espécie de infinito tornado cúmplice,
noite,  penumbra escondendo os outros,
suas dores, mágoas, medos, monstros,
e escondendo-me de quase todos eles,
dando-me o tempo de ainda mais um poema,
jamais singular e  jamais definitivo
como desejaria que fosse.
Mas Jamais apenas  um poema feito de luz,
maior que apenas um monólogo incontido
mostrando-se além da prudência
que o tempo trouxe ...
E,  inevitavelmente,
jamais apenas  algo que me colocasse
além das simples palavras.
Monólogos no meio do túnel.

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